domingo, 1 de maio de 2011

Memórias de um bebê

Por semanas me escondi
Mas Seu Doutor quis me achar
Pôs "friozinho" na barriga
Mas não viu nada passar.

Meus autores se orgulharam
Era bela a criação
Ultra sensível essa vida
Morfologia de emoção

Quando estava chegando o dia
Minha intimidade se mostrou
Seu Doutor olhou de novo
E constatou, varão eu sou

"Tô" sendo expulso da minha casa
Já "tá" pequena para mim
Já "tá" tudo apertado
Aqui não "dá" !
Preciso ir .

Era forte o meu choro
Era nova a minha vida
Tudo ainda era novo
É o início da corrida.

                                                                                            Raphael Gonzaga Mangia

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Triste solidão do "só"

Só com o pó da solidão
Só com o pó desse sertão
Só como o santo da procissão
Só com a dor de um irmão

Só posso enxergar agora
Só aquilo que de minh'alma aflora
Só posso fazer por hora
Aquilo que me ensinaste outrora

Só tive uma escolha
Só ser só em bsca do ter
Só ser aquilo com que se pode viver
Só lembrar que já não vale morrer.           

                                                                                          Raphael Gonzaga Mangia

segunda-feira, 28 de março de 2011

Lembrar ou esquecer, o que fazer?

Creio que a maior inquietude do homem seja a memória. Não que tenhamos que ser esquecidos, mas esquecer às vezes faz bem. Não é?
A memória é uma capacidade que pode ser considerada “bipolar”. Ter memória, fazer memória, guardar as memórias. São tantos os termos em que a memória é citada, mas nenhum deles será tão valoroso se na verdade não soubermos controlar, dominar, ou até mesmo fazer uso benéfico de nossas próprias memórias.
Segundo o Aurélio memória quer dizer: “Faculdade de reter as idéias, impressões e conhecimentos adquiridos.”
Sem dúvida nenhuma no momento em que saboreava o significado da palavra digeria o amargo gosto de tristeza que ele traz consigo.
Reter quer dizer guardar, ter para si. Quando mergulho nas profundezas de todo esse significado, recordo-me de tudo que de mais intenso, tanto para o bem quanto para o mal, existe no homem.
Ter, fazer, usar memória é isso, é reter algo para si. É acima de tudo fazer uma escolha, o que considero o mais amargo dentre os deveres da humanidade. Escolher significa selecionar um e desprezar quantos forem os outros, quantas forem às opções. Por isso escolher é tão difícil.
No que diz respeito à memória, a escolha não está entre o que queremos ou não guardar. Guardamos aquilo que vivemos, mas nem sempre escolhemos o que vamos viver. Esse é o desafio. É dentro desse contexto que vivemos entre aquilo que temos guardado em nossa memória e aquilo que mais aparenta ou de fato seja exteriormente o mais correto. E quando digo correto faço menção a todos os valores transmitidos pela família, pela escola, pela religião e por tantos outros mecanismos transmitentes de valores existenciais na sociedade. É claro que às vezes temos o correto guardado em nós como algo natural, mas nem sempre, quase nunca. Isso depende de como andam os nossos relacionamentos cotidianos e a nossa afetividade. Depende de como vivemos do dia em que nascemos até os dias atuais. Ser o não ser quando se trata da constituição moral do ser humano, sempre faz parte de uma evolução processual. Quer um exemplo? Pra que uma árvore dê bons frutos primeiro é necessário plantá-la e depois cultivá-la de forma correta. Coincidência ou não essa não tem sido a pedagogia da humanidade.
É incrível como que por lembranças provenientes da memória cometemos atitudes humanamente inaceitáveis. Por quantas vezes nos enxergamos fazendo coisas que ao final geram em nós arrependimentos alarmantes. É claro que por outro lado pode ser até um pouco melhor que nos arrependamos, mas melhor mesmo seria que não fizéssemos coisas tão desprezíveis assim. Agimos por inúmeras vezes impulsionados por nossos fracassos, atingimos as pessoas com nossos reflexos repletos de memórias que clamam uma vingança que ao final não nos levará a lugar algum.
Por outro lado fazer memória pode ser a solução para amenizar a dor de nunca mais poder matar a saudade. Pode ser o refúgio, o esconderijo montado, onde somente nós mesmos sabemos entrar e depois sair. Isso significa dizer que somente nós somos capazes de desvendar os segredos existentes nos cadeados da alma, entrar sem pedir licença e reviver mesmo que de maneira recordativa  os bons momentos vividos ali.
Memória também serve como alerta. É ela quem mostra naqueles momentos em que nos sentimos os verdadeiros juízes da causa, que a trave em nosso olho pode ser maior que a do olho alheio.
A verdade é que a memória foi distribuída pelo Criador a todas as criaturas. Ela poderia ser o freio da língua e isso seria memorável. Mas o que se sabe é que são vários os tipos de memória, cada ser possui a diversidade que a si foi designada. Visual, fotográfica, escrita isso não importa. O que realmente importa é percebermos conscientemente que possuímos e construímos memória.
A questão é o Homem, e quando digo o homem somos nós, eu e você, que possuímos inúmeros tipos de memória. O problema é que muitas vezes nos permitimos levar por uma “conveniente memória” que por hora se vê esquecida.
Hipócritas, esquecemos o que nos convém esquecer, mas sempre nos lembramos do que nos convém lembrar.  
Somos assim, sabemos exatamente como devemos fazer. Mas no fundo o que sempre queremos é admirar e banhar a nossa própria calda.

Raphael Gonzaga Mangia 

quinta-feira, 24 de março de 2011

Não Sou Perfeito

Devo reconhecer meus erros
Devo ser feliz
É o que mais quero
Ser feliz!

Devo largar os medos que me paralisam
Os bloqueios que me escravisam
As dores que me fazem chorar.

Acabo por ser assim
Bloqueado por meus medos
Entristecido por minhas dores
fadado por meu ciúme.

Devo saber que devo
Devo sentir o que devo
Devo viver o que se é devido.

Mas diante disso
Encontrei apenas um culpado
Eu o julguei
Determinei sua sentença
Efetuei sua prisão
Aqui está o meu pobre coração.

Raphael Gonzaga Mangia

terça-feira, 22 de março de 2011

Eu quero ser criança

Eu quero ser criança, quero pular pelos campos da vida, ser uma presa fácil ao meu predador
Sem medo de de um repentino e preciso ataque.
Quero ser livre, voar e ser contente, ser feliz.
Quero ser "Brigadeiro " de um céu que não precisa ser azul, basta que seja céu
Basta que seja infinito.
Quero mesmo que ainda não possa, quero poder tudo quanto for feliz, tudo quanto for livre.


Quero ser manhã e fazer manha.
Quero assim conquistar os que por minha tão franca inocência se deixarem levar, se permitirem conquistar.
Quero fazer pirraça mesmo, fazer como ninguém faz igual.
Quero fazer tudo isso e esperniar até dormir
Porque sei que assim receberei tudo o que quiser de minha tão "complicada" vida
E só assim ficarei
Apenas ficarei realmente feliz se assim for.


Quero ser capaz de questionar
De produzir perguntas sobre o "porque dos porquês"
Sem medo
Sem medo de me mostrar um simplório ignorante.
Quero viver feliz, sim, agora eu quero viver.
Sorrir mesmo diante de meu opressor
Quando dele por vezes receber maldade e castigo
E talavez quem sabe toda sua incompreenssão.


Já não me basta o querer
Só me sentirei satisfeito quando somente receber do meu sonhar mesclado de razão
A concretização de todos estes sonhos.
Se por isso chorar
Quero ser capaz de assim regar os brotos
Regar as sementes
Regar os jardins de esperança que estiverem pelo caminho.
                           
Raphael Gonzaga Mangia